domingo, 6 de fevereiro de 2011

Sessão evocativa de Miguel Torga




Porque recentemente se assinalaram 16 anos sobre a data de falecimento de Miguel Torga (17.01.1995), no dia 3 de Fevereiro tivemos o privilégio de assistir, na nossa biblioteca, a uma sessão sobre o médico e escritor, apresentada pela nossa querida professora de Português, Dr.ª Maria Regina Rocha. Ficou comprovado o carinho muito especial que Torga nutria pela nossa cidade, Coimbra. Estiveram presentes...
três turmas (10.º 8, 11.º 10 e ____) acompanhadas pelos respectivos professores: Dr. Paulo Dias, Dr.ª Lurdes Leitão e Dr. Emília Gomes.


        «Miguel Torga nasceu a 12 de Agosto de 1907, na aldeia transmontana de S. Martinho de Anta, no concelho de Sabrosa, Trás-os-Montes.

         Filho de lavradores, Francisco Correia Rocha e Maria da Conceição Barros, foi baptizado na Igreja Paroquial com o nome de Adolfo Correia Rocha e na aldeia fez a instrução primária, acabando a quarta classe com distinção.

         Aos dez anos foi mandado para o Porto, para servir em casa de parentes endinheirados que habitavam uma casa apalaçada onde sua mãe servira antes de casar. O pequeno Adolfo ganhava quinze tostões e era o “moço de recados” da família. Aí esteve um ano, sendo despedido pelas travessuras da idade e pelo seu génio que o levava a revoltar-se contra as injustiças que observava à sua volta.

         De regresso à aldeia, foi internado no Seminário de Lamego, onde aprendeu latim, melhorou os seus conhecimentos de português, geografia e tomou contacto com os textos sagrados. Regressou à aldeia para as férias do Verão, com boas notas, mas comunicou ao pai que não desejava ser padre.

         Porque a família era pobre, mas preocupada em dar a seus filhos meios para uma vida futura independente, Adolfo foi enviado para o Brasil para uma fazenda do irmão de seu pai, em Minas Gerais. Aí trabalhou de sol a sol nas árduas tarefas do campo e do armazém de que seu tio era proprietário.

         Como recompensa pecuniária desses cinco anos de trabalho, o tio pagou-lhe os estudos em Coimbra, onde em três anos concluiu os sete anos de estudos liceais: cinco do Curso Geral do Liceu mais dois do Curso Complementar do Liceu, tendo frequentado o Liceu José Falcão. Ingressou em seguida na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, em 1928, com vinte e um anos, curso que concluiu em 1933.

         Durante os seus tempos de estudante universitário, frequentou as tertúlias literárias da pastelaria Central, onde travou conhecimento com personalidades da Presença, do café Arcádia e da Farmácia da Mariazinha, onde confraternizava com intelectuais de esquerda.

         Em Coimbra, nos tempos de estudante, começou a escrever poesia, vertendo nas folhas de papel a solidão de uma alma desenraizada, mas plena de humanidade e corajosa lucidez. As suas primeiras obras foram publicadas em edições de autor.

         Escreveu prosa e poesia. Deixou na sua obra as memórias da sua transformação, o seu olhar sobre o mundo, as interrogações da sua alma generosa.

         A primeira obra editada com o pseudónimo Miguel Torga foi A Terceira Voz, em 1934. “Miguel” evoca dois grandes nomes da literatura ibérica (Miguel Cervantes e Miguel de Unamuno); “torga” é o nome de uma flor campestre existente dos montes que rodeiam a sua terra natal.

         Algumas obras líricas do autor: Ansiedade(1928), Tributo(1931), O Outro livro de Job(1936), Cântico do Homem(1950), Poemas Ibéricos(1965), Antologia Poética(1981), entre outras.


         A sua primeira obra em prosa foi editada em 1931, Pão Ázimo, seguindo-se-lhe, em 1943, A Terceira Voz, em 1934.

         A Criação do Mundo, Os dois Primeiros Dias, editada em 1937, deu início à totalidade dos seis volumes que, de acordo com a tradição judaico-cristã, foi o período de tempo em que Deus concluiu a criação do Mundo. O último destes volumes foi publicado em 1981, sendo posteriormente editados em conjunto, em 1991, com o título A Criação do Mundo.

         Para além de contos, foi editando, ao longo dos anos, Diário, obra composta por dezasseis volumes. Escreveu, ainda, obras para Teatro.

         Relembrando os dezasseis anos passados sobre a morte de Miguel Torga, a professora Regina Rocha, da Escola Secundária José Falcão, dinamizou na Casa-Museu Miguel Torga, a convite da Câmara Municipal de Coimbra, algumas sessões para alunos do décimo ano e uma sessão para todos os que admiram este grande escritor português.»  
Dr.ª Cecília Almeida

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